Em muitos trabalhos que tenho feito com a psicoterapia e outras técnicas, percebo o empenho das pessoas em se conhecerem e fazerem algo diferente. Porém, mesmo depois de anos de trabalho e já reconhecendo boa parte de sua trajetória, uma força maior faz com que a tomada de decisão seja algo muito difícil e com uma enorme dor.
Isso me fez repensar sobre as técnicas utilizadas e se realmente o paciente era seu próprio sabotador. Esperava que depois de saberem qual era sua dificuldade, tudo seria mais fácil.
Depois de experimentar de diversas técnicas, conheci uma terapeuta que me propôs fazer uma constelação sobre minha vida – e vou falar a verdade: não sabia realmente o que acontecia ali, mas sentia que algo dentro de mim estava mudando, um sentimento estranho começava a tomar conta, um clima diferente pairava e pessoas se movimentavam de forma expressiva.
Depois que finalizou, sentia meu corpo diferente como se algo tivesse deixado de existir em mim, me sentia diferente, mas não sabia como expressar, dizia para mim mesmo: achei algo que realmente – sem saber – pode mudar a vida das pessoas. Naquele momento senti meu chamado para estudar e conhecer mais sobre as Constelações Familiares.
O mais interessante dessa técnica é que ela trabalha no campo da percepção sensorial, ao contrário das técnicas convencionais, onde precisamos explicar, falar e reorganizar através de trabalhos racionais. E isso foi o que mais me chamou a atenção.
Não quero dizer que uma técnica é melhor que outras. Todas estão indo para o mesmo sentido que é a melhoria na qualidade de vida e o desenvolvimento pessoal. Ser melhor em sua natureza mais profunda.
Vou dizer que tenho experimentado soluções de diversas maneiras. Percebo que, quanto mais a pessoa está aberta e disponível, maior é o grau de cura alcançado. E também preciso dizer que todas as técnicas se complementam, cada uma tem maior interação e resultado com aquilo que se sente com maior confiança.
O que queremos mostrar é uma técnica nova que pode nos ajudar profundamente. Como disse, ela mesma tem uma abordagem sensorial e perceptiva, diferente das demais. O que deixa claro é que mais de 50 por cento dos sentimentos que temos são adotados de nossos familiares de forma direta.
Como assim?
Bert Hellinger, que nos trouxe essa técnica, nos mostra que muitos sentimentos que nós temos estão ligados a algum trauma familiar que nossa família não conseguiu elaborar e equilibrar. Só essa informação é um alivio, pois quando conseguimos acessar este trauma e realmente colocar em ordem, deixamos de nos conectar e adotar este sentimento.
Lembram da dificuldade na tomada de consciência? Era sobre isso que eu procurava entender. Mesmo que tenhamos consciência e já conhecemos nossos traumas, ainda estamos conectados a um campo maior. Este campo é o nosso Sistema Familiar.
Então aqui falamos de dois tipos de trabalho: um biográfico e cheio de memória, e outro grupal familiar, sem memórias, porém com registros.
Quando conseguimos acessar de onde vem esse sentimento podemos reorganizar e, a partir daí, não entrar em ressonância com esses sentimentos. Nosso querido Jung já dizia que “somos um indivíduo integrado em um coletivo”.
Bert Hellinger conseguiu através de suas pesquisas fazer enxergar além do alcance. Isso traz um alívio tanto para o indivíduo quanto para seu próprio sistema.
Quando nos conectamos com a verdadeira causa de nossas dificuldades, podemos criar através de nossa percepção uma consciência nova e sentir um alívio libertador e curador. Este é o grande diferencial para esta técnica.
A segunda observação é que a ordem está antes do amor. Que não adianta amar cegamente. Temos que nos organizar para que esse amor se revele. Esse é o verdadeiro amor que constrói (ainda vamos falar mais sobre esse assunto). Já percebemos através dessas informações que a técnica vem de uma maneira nova. Muitas vezes nos sentimos culpados e doamos tempo e energia em um amor cego e isso faz total diferença quando enxergamos da maneira certa. Então para ir além de nossas dificuldades precisamos de duas informações:
1) Sempre estamos ligados à nossa família.
2) Para o amor se revelar precisamos da ordem.