​A importância de sentir-se livre.

​A importância de sentir-se livre.

A autonomia é o ponto central dentro de todo o processo de Constelação Familiar. Fazemos esse trabalho para aliviar os vínculos e criar um novo caminho de escolha onde o lado mais humano e maduro esteja nos guiando.

O que podemos perceber dentro dos sentimentos secundários são as amarraras que eles nos trazem, paralisando nossa autonomia e conduzindo a repetição nas escolhas.

Familia
Sistema familiar

Vamos deixar claro aqui esse movimento: Bert Hellinger nos traz muito na Constelação Familiar sobre vida e morte – uma ideia que muitas culturas já nos demonstram ao longo de seus conceitos, ou mesmo o mundo dos vivos ou mortos, em que conseguimos perceber que esse mesmo conceito trazemos como influência do trauma. O trauma nos tira de nossa presença, influenciando em nossas escolhas e, assim, nossa autonomia. O mundo dos mortos seria essa sobrevida ou essa conexão com o inconsciente por onde vagamos à procura de soluções.

Se colocarmos em nosso dia a dia, podemos falar da relação que temos com os nossos ex-namorados ou os relacionamentos antigos de nossos pais. Quem nunca sofreu por uma pessoa que estava presa em uma relação antiga e não conseguiu fechar essa porta?

Então essa pessoa fica cindida: parte dela quer o novo e parte ainda está carregando a antiga relação, querendo trazer uma solução. Isso é viver o mundo dos mortos. Ela não está inteira em nenhuma relação. Inconscientemente, fica vagando em um mundo de sentimentos que só traz confusão e conflito.

O mundo dos vivos é estar no presente, vivendo a vida da maneira que ela é, com escolhas. Sabendo distinguir  o que é bom ou ruim.

Esse aspecto se mostra também em crianças especiais cujo nascimento é traumático, ou quando há um movimento muito rígido e significativo para seu nascimento. O trauma intrauterino ou aquele na sua recém-chegada faz com que ele associe a dor como forma de vida.

Elas vivem entre os mundos. Vou comentar isso em outro texto.

Para os yorubás, um casamento sem filho é algo malsucedido. Na verdade, seu sistema de valores tem por base três coisas: Owó (Dinheiro), Omo (Filhos) e Àíkú (Vida longa). A Vida Longa é considerada a mais importante porque proporciona a oportunidade de tornar possíveis as duas outras.

São esses, e toda a linhagem de gerações passadas, que depois da morte se transformam para seus familiares. Embora os ancestrais compreendam membros masculinos e femininos das gerações anteriores, os ancestrais masculinos são os mais importantes.

Ao seguirem para o Òrun(Céu), os ancestrais são libertos de todas as restrições impostas pela terra. Dessa forma, adquirem potencialidades que podem ser usadas para beneficiar seus familiares que ainda estão na terra. Por essa razão, é necessário mantê-los num estado de paz e contentamento.

Quando dissemos que existe um culto ao ancestral, queremos dizer que o que existe de fato é uma manifestação de relacionamento familiar indestrutível entre o familiar que partiu e seus descendentes que aqui ficaram. A palavra culta, então colocada, tem o significado de homenagem que melhor expressa o nosso entendimento sobre o assunto.

O encaminhamento do espírito, depois dos rituais realizados, corresponde a passar de volta pelo portão do Oníbodè(guardiãodo céu) em direção a Olódùmarè(Deus), para receber o julgamento por seus atos na terra. De acordo com o Órun ao qual foi destinado, continuará a exercer suas funções familiares, agora de modo mais poderoso sobre seus descendentes que a ele continuam a se referir como Bàbá mi (Meu pai), ou Ìyá mi (Minha mãe). Esta forma salienta o amor e a afeição que caracterizam as relações de ambos.

Trazendo ao exemplo: não dizemos “eu vou falar com o espírito de meu pai”, mas sim, “eu vou falar com o meu pai” – numa comprovação de que eles continuam a ter o título de relacionamento que tinham enquanto chefes de família.

O fim da vida na terra envolve a questão sobre em quê se transforma o homem após a vida atual.

Toda religião encara isto: Nascimento, Vida e Morte (Ìbí, Ìyé, Àti Ikú), o Pós-Vida (Iyè Lébìn Kú), o Julgamento Divino (Ìdájó ti Olórun), e o possível retorno em outra vida, sucessivamente (Àtúnwa).

Fontes: Livros “Òrún Àiyé- O Encontro de Dois Mundos” de José Beniste, e “Os Nagô e a Morte” de Juana Elbein dos Santos.

A importância de ser livre neste lugar corresponde a união de dois fatores importantes para a constelação familiar. Primeiro que nossa alma não é um indivíduo, mais sim coletiva. E que quando temos dificuldades com alguém de nossa família temos dificuldade com nosso próprio corpo.
Quando olhamos mais de perto para muitos ensinamentos sistêmicos, percebemos que algumas culturas já conduziam esse pensamento e agora podemos incluir eles de forma harmônica em uma ferramenta muito poderosa. Mesmo quando falamos em Vida e Morte o povo Ioruba trazidos aqui para o Brasil já manifestava um olhar significativo e simbólico a esse respeito.
Olhando desta forma consigo perceber o porquê essa técnica ganha tanta força aqui no Brasil. De alguma maneira tomamos contato inconsciente com essa informação já existente na base histórica e familiar.
Em segundo lugar esse processo de autonomia consiste em mergulhar em nossa alma familiar integrando todos ensinamentos e habilidades, transformando em recursos para adquirir aquilo que os Iorubas mostram:
Dinheiro como prosperidade, a forma de viver aquilo que nossos pais proporcionaram e agora um pouco mais. Ter filhos para continuidade da vida e da alma familiar. Longa vida como representação de uma vida bem vivida tomando sua saúde por inteiro.
Se olharmos bem de perto é isso que constelação famíliar quer nos proporcionar com a autonomia: Prosperidade, Continuidade e Potencialidade.