O poder da vulnerabilidade nas relações
O grande sentido dentro de uma relação é ser útil e servir a algo maior.
Como terapeuta percebo que muitos casos são de relacionamento: relacionamento com saúde, dinheiro e com o “eu”.
E percebo a cada momento como é difícil para nossa sociedade mostrar sua vulnerabilidade.
Em muitas relações o desequilíbrio entre o dar e receber começa com a autossuficiência e isso leva a relação à ruina. O processo da vulnerabilidade engendra uma pendulação natural entre o não saber e estar aberto para uma nova experiência e isso é a maior dádiva em um relacionamento. Assim, se abrir às novas experiências é realmente escrever uma história.
E vamos falar a verdade: a vulnerabilidade dentro da relação muitas vezes pode confundir-se com o estado de fraqueza e dor.
Onde quero chegar?
Percebo que muita gente quer fazer demais se doando loucamente para que tudo dê certo e esse é o erro maior. NÃO PRECISA DAR CERTO!
Temos que estar dispostos a conhecer, a se envolver e logo depois perceber se a pessoa com a qual você escolheu, ou você próprio, realmente estão abertos a crescer dentro de uma relação. Muitos estão ainda em contos de fadas fechados esperando um príncipe ou princesa aparecer para os arrancar dessa solidão.
Porém, você me pergunta: – Gil, cadê a paixão?
A paixão existe muitas vezes em relacionamentos mais inocentes, e isso é bom para o início. Mas quando olhamos para a estrutura de um relacionamento, essa paixão tem que ir embora para que ambos possam se ver e enxergar onde devem melhorar. A paixão pode ser um ponto cego e muitas vezes ela tem que ir embora para que o novo desafio entre o casal aconteça.
Sim, isso mesmo! A relação muda e se você não mudar junto, ela pode acabar. E muitas vezes ela muda na chegada de um filho, ou um projeto grande entre o casal, ou mesmo por um trauma.
Viver a vulnerabilidade abre espaço para o novo e mesmo para o amadurecimento e mudança desta relação.
O relacionamento, para a visão sistêmica, é uma dádiva onde podemos nos encontrar e assim transformar nossa vida em algo ainda não vivido.
“O que mantém a relação a dois coesa é, em primeiro lugar, a consumação sexual do amor. Ela nos conecta profundamente com essa força, por isso também é algo espiritual. Podemos dizer que algo espiritual e religioso.
Alguns desvalorizam a consumação sexual, considerando-a um instinto ou algo que se opõe ao espírito. Trata-se, porém, do contrário. O espírito frequentemente se opõe ao que há de mais profundo. Nesse sentido, trabalhamos aqui com o maior respeito pela relação de casal e por aquilo que a mantém coesa.
A relação de casal é o que mais nos molda. Somos educado através dela. Nela renunciamos, passo a passo, às nossas ilusões e, exatamente por isso, estamos ligados a algo maior.
Como se alcança essa ligação? Concordando com o mundo como ele é. Concordando com as diferenças como elas são. Despedimo-nos da idade quando uma coisa é certa e a outra errada. Nós nos desenvolvemos à medida em que reconhecemos, no decorrer do tempo, que aquilo que a princípio consideramos adverso é diferente, porém, possui o mesmo valor.”
Livro: Para que o Amor dê Certo pagina 23
Bert Hellinger