O Amor Certo que Constrói.
Para falarmos de Constelação Familiar e Os Cinco Círculos do Amor precisamos introduzir nosso leitor ao olhar sistêmico e seus principais conceitos. E nada melhor em conhecer seu criador.
Bert Hellinger
Um empírico por excelência , aponta várias influencias decisivas na sua vida e na sua obra: os pais , cuja fé o imunizou contra a aceitação do nacional-socialismo de Hitler, seus vinte anos de sacerdócio, particularmente como missionário zulus, e sua participação em cursos de dinâmica de grupo inter-raciais e ecumênicos , promovidos pelo clero anglicano. Depois de renunciar ao sacerdócio, estudou psicanalise e acabou se interessando pela Gestalt-
Terapia e Analise Transacional. Foi graças ao envolvimento posterior com terapia familiar que se deparou pela primeira vez com as constelações familiares.
Constelação Familiar é um trabalho que busca na família a origem de dificuldades, bloqueios, padrões comportamentais que trazem sofrimentos desenvolvidos pelas pessoas ao longo da vida. Destina-se a todas as pessoas que desejam trabalhar suas relações familiares e amorosas, separações, desequilíbrios emocionais, problemas de saúde, comportamentos destrutivos, envolvimento com drogas, perdas e/ou luto, dificuldades financeiras, dificuldades nos relacionamentos, entre outras dificuldades.
O nome original do trabalho desenvolvido por Bert Hellinger em alemão é Familienaufstellung e significa, numa tradução literal, “Colocação [Representação] familiar”. Porém o verbo “stellen” em alemão foi traduzido ao inglês como “constellate”, ou seja, posicionar certos elementos numa configuração dada. Como o primeiro livro traduzido ao português veio do inglês e não do original em alemão, foi então traduzido como “constelações familiares”. O termo “constelação” aqui nada tem a ver com estrelas, astrologia, esoterismo ou similares, mas tem sim uma conotação de uma representação, uma colocação onde os elementos são posicionados numa certa configuração de relações.
O conceito central deste trabalho é que a ordem precede o amor, que sem ordem o Amor não consegue se revelar. Somente quando amamos de maneira certa que conseguimos realizar nossos objetivos.
Essa ordem se coloca de forma natural, como a Lei da gravidade que mesmo inconsciente atua sobre mundo.
Muitos dos problemas vivenciados pelas pessoas têm uma origem sistêmica, ou seja, vêm do seio da família, muitas vezes de outras gerações. Por amor, lealdade e fidelidade à família, quando algum antepassado deixa situações por resolver, pessoas de gerações seguintes trarão o sentimento e o comportamento, a ação para a resolução dessas situações, “emaranhando-se” e permanecendo, assim, prisioneiros a fatos e eventos pelos quais não são responsáveis e muitas vezes sequer têm conhecimento. Esta é a herança afetiva, uma transmissão transgeracional de problemas familiares, que acaba criando uma seqüência de destinos trágicos. Ele diz que há Ordens dentro do sistema familiar e chamou a essas de “Ordens do Amor”. Dentro deste amor, há o amor cego, infantil, que determina os emaranhamentos, que são as origens dos conflitos e das grandes dificuldades de uma pessoa; é o emaranhamento que mantém determinadas dinâmicas de sofrimento dentro do sistema. O envolvimento sistêmico sempre se dá pela conturbação das
Ordens, das regras do sistema. Este amor cego, que cria sofrimento na tentativa de trazer solução às dinâmicas familiares, também contém a sabedoria e a solução.
No interior de cada grupo familiar, vale a ordem básica, a lei fundamental: todas as pessoas do grupo familiar possuem o mesmo direito de pertencer. Em muitas famílias e grupo familiares, determinados membros são excluídos. Alguns dizem, por exemplo: “Esse tio não vale nada, ele não pertence a nós”, ou então: “Dessa criança ilegítima nada queremos saber”. Com isso, recusam a essas pessoas o direito de pertencer.
Existem também os que dizem: “Sou católico, você é evangélico. Como católico, tenho mais direito de pertencer que você”. Ou inversamente: “Como protestante, tenho mais direito, porque minha fé é mais verdadeira. Você é menos crente do que eu, portanto tem menos direito de pertencer”. Isto não é hoje tão freqüente como antigamente, mas ainda acontece.
A ordem de precedência
O fruto do amor entre o homem e a mulher é os filhos. Também aqui é importante observar uma ordem do amor, uma ordem de precedência no amor. Ela se orienta pelo começo. Isto significa que o que vem antes tem, via de regra, precedência sobre o que vem depois. Numa família, existe primeiro o casal homem-mulher. Seu amor funda a família. Por isso, seu amor como homem e mulher tem precedência sobre tudo o que vem depois, portanto, sobre seu amor de pais por seus filhos. Muitas vezes acontece nas famílias que os filhos atraem sobre si toda a atenção. Então os pais não são antes de tudo um casal, mas pais. Com isto os filhos não se sentem bem.
A ORDEM DO EQUILÍBRIO
O Equilíbrio é uma Força, uma Lei presente em todos os sistemas. Dentro dos sistemas há uma necessidade de compensação entre perdas e ganhos, dar e receber, e como uma Lei Sistêmica, ela atua em todos os níveis. Consciente ou inconscientemente tem-se a necessidade de compensação, e às vezes isso ocorre fazendo com que se perca algo, com que se vivencie algo de ruim, mesmo sem a aparente necessidade ou sem se perceber de onde isto vem. É como se houvesse um sentido de equilíbrio.
Ele diz se há crédito ou débito com alguém. É quase matemático: se você deu algo, então você espera receber algo também (ainda que não seja na mesma moeda). O outro, por sua vez, sente uma pressão para retribuir, dar também. Se deve algo, há uma pressão para pagar, para devolver, para quitar. Se esta troca for efetiva, produtiva, positiva, a relação será fértil e rica. E isto ocorre tanto no positivo quanto no negativo. A troca equilibra as relações, tornando possível uma convivência longa e saudável. Se, em uma negociação há equilíbrio, então há também liberdade, alegria e portas abertas para próximas negociações. Os dois lados ficam satisfeitos. Caso contrário, uma das partes não se sente bem. E quando há dívida, uma das partes fica presa. A dívida funciona como uma necessidade de pagar algo para que o equilíbrio retorne. Ela muitas vezes atua como um fantasma, retorna, assombra, pode ser transformada em sentimentos de culpa, atuando secundariamente, sem que se perceba sua origem. Os que recebem pouco – injustiçados -, muitas vezes também ficam presos nesse sentimento, que se secundariza, fazendo com que a pessoa se sinta uma vítima eterna, transforma sua vida em verdadeira pobreza.
Sistema Familiar
Sistema é um grupo de pessoas ou coisas, que permanecem unidos ou vinculados, em função de um interesse comum ou forças que os permeiam, independente de que tenham consciência ou não.
Numa constelação são levados em conta todos os membros de um sistema familiar no âmbito de três gerações, de maneira a incluir os vivos e os mortos. Todos os membros da família tomam parte numa ordem básica à qual estão permanentemente vinculados. Essa ordem básica inclui, por exemplo, o direito de todos a pertencer ao sistema e a precedência dos que vêm antes sobre os que vêm depois. As famílias onde os sintomas aparecem estão freqüentemente em desordem no que toca a essas leis.
Os sintomas que estejam condicionados por implicações sistêmicas manifestam a existência de um profundo amor resultante do vínculo, uma ligação inconsciente do indivíduo com seu grupo de origem. Isto faz com que alguns repitam os destinos de outros e queiram, em lugar deles, assumir algo de pesado, expiar ou até mesmo morrer. Tal necessidade de compensar se radica num pensamento mágico de caráter infantil, já que tal atitude não tem o poder de redimir essas pessoas nem de aliviar ou de anular seus destinos. Outra base para o desenvolvimento de problemas é a perda de conexão com as fontes dos laços familiares. Isto acontece, por exemplo, quando membros da família não são respeitados ou são esquecidos. Além da implicação sistêmica, devem ser ainda considerados, na geração de dificuldades psíquicas, os aspectos associados à evolução pessoal, por exemplo, a interrupção do movimento precoce da criança, dirigido geralmente para a mãe. No presente trabalho focalizamos preferencialmente as dinâmicas sistêmicas, dando menos espaço ao significado da história individual da vida e do processo da aprendizagem.
Os Círculos da Vida
A espiral é a representação material do movimento da vida.
Nós a encontramos tanto na configuração dos genes, quanto na morfologia humana, ou nas fotos das galáxias.
Elas se compõem de círculos abertos, que por estarem continuamente ligados
tornam-se ciclos que evoluem em torno do tempo que lhes é próprio e que lhe serve de eixo.
Todo Universo evolui segundo esta configuração acima descrita.
Assim nosso “eu”, ou conjunto de “eus” que nos cercam, são apenas alguns desses ciclos produzidos pelo Universo.
Quando nós conseguimos acompanhar esses movimentos, este movimento de ciclos contínuos, nosso eu se harmoniza com aquilo que o cerca aqui e agora.
Algumas vezes, no entanto, nós não conseguimos seguir algumas viradas da espiral de nossa vida, no momento que estas correspondem a outras situações mal vividas por nós e nossos antepassados.
Este fato nos leva a constatação de que houve uma manutenção, a nível do “eu”, de uma configuração passada que, inconsciente, continua influenciando a ação presente, falseando dessa forma a percepção do que está exatamente acontecendo naquele momento.
Entre sinais mais marcantes de que isto está ocorrendo, estão a não aceitação de si mesmo, do outro como ele é, ou ainda a sensação de estar dividido, em conflitos entre duas decisões, situação essa geradora de angustia no presente, e de insegurança diante o futuro.
Os cinco círculos do Amor
“Quando cortamos uma árvore, podemos ver e contar seu crescimento em círculos: para cada ano, um novo círculo. Rilke escreveu em um poema: – Eu vivo a minha vida em um círculo de crescimento. Sempre um novo círculo: um círculo crescente. Eu mudei um pouco essa declaração. – Eu vivo o amor em círculos de crescimento. Há um primeiro círculo de amor, e um segundo, e um terceiro e um quarto e um quinto. Cinco círculos do amor”.
Bert Hellinger.
O primeiro círculo de amor começa com o amor de nossos pais, de um para o outro como casal. Desse amor surgimos.
O segundo círculo de amor é a infância. Recebo tudo e tomo o que meus pais me deram.
O terceiro círculo exige de ambas as coisas o dar e receber. É mais fácil dar do que tomar, porque ao dar sinto-me superior. Em troca, se recebo, me incluo como um entre muitos. Isso é ser humilde.
O Quarto círculo vai mais além da consciência. Nesse círculo concordo com todos os membros da minha família, tal como são. No Quinto trata-se de grupos maiores de outras culturas tanto de pessoas morais como pessoas imorais. Aqui se trata de dirigir-se a todos da mesma maneira.
Os círculos do amor é um processo de refazer os movimentos interrompido e assim reconquistar aquilo que foi excluído da sua vida. De uma maneira a utilizar as Ordens do Amor.
Somente para demonstrar como se manifesta estes ciclos como parte do sistema, quero chamar atenção para o fato de que podemos facilmente dividir nossa vida em períodos de sete anos e observar como cada período produziu resultados definidos ou efeitos sobre nosso crescimento natural.
Consideramos o primeiro período de sete anos, época de nossa primeira e segunda infância, quando são afirmadas as bases de nossa educação e desenvolvimento cultural. Realmente, é neste período que descobrimos a nós mesmo no que diz respeito ao mundo material objetivo e nossa relação para com ele. Aprendemos a caminhar e a falar bem, a controlar nosso corpo, e a nos relacionar com nosso meio ambiente físico e material.
No segundo período, dos 7 aos 14 anos de idade, ocorrem mudanças físicas no nosso desenvolvimento e o lado mental da nossa natureza passa, então, para segundo plano enquanto estas mudanças se operam. É precisamente antes de terminar o segundo período que tanto, no homem como na mulher, ocorrem mudanças físicas muito importantes, preparando assim a criança para a terceira etapa. Se estas mudanças não ocorrerem antes do fim do segundo período, a criança está psicologicamente e fisiologicamente abaixo do normal, e tanto a psicologia como a fisiologia não deixaram de reconhecer, de maneira inconsciente, este segundo período do ciclo da vida.
No terceiro período de sete anos, dos 14 aos 21anos de idade, as mudanças físicas e mentais se retraem para o plano secundário, sendo, então, o lado psíquico da natureza humana o que mais se desenvolve. Isto acarreta o senso de responsabilidade dando ao indivíduo dignidade, amor próprio e caráter. É durante essa fase que o indivíduo alcança aquele grau de desenvolvimento aos 21 anos de idade, está retardada no processo de evolução.
No quarto período de sete anos, 21 aos 28 anos, é que se processa um forte desenvolvimento da natureza emocional, que traz consigo o desabrochar da chispa emocional que fora despertada no período anterior. Durante estes sete anos, o indivíduo adquiri estabilidade e um senso mais profundo de responsabilidade; a natureza suaviza-se e se manifesta um desenvolvimento gradual daquelas faculdades superiores que jaziam dormentes e que conhecemos como intuição, arte, musica, idiomas e tudo mais que possamos denominar de percepção.
No período dos sete anos que se seguem, dos 28 aos 35 anos , o poder criador da mente torna-se mais ativo, e a capacidade de visualizar, imaginar e criar mentalmente muito se desenvolve, a par de uma harmonia sempre crescente com o sagrado e as normas éticas da vida. É durante este período que grandes inventores tem conseguido seus maiores progressos e o homem de negócios tem desfrutado de mais energia e alcançando maior sucesso.
Através desta linha do tempo com cinco setênios, podemos meditar e encontrar em nossas vidas quais foram nossas maiores dificuldades e assim com a ordem da constelação familiar sistêmica revelar soluções para uma vida melhor.
Livros
CONSTELAÇÕES FAMILIARES – Bert Hellinger
DESATANDO OS LAÇOS DO DESTINO – Bert Hellinger
NO CENTRO SENTIMOS LEVEZA – Bert Hellinger
ORDENS DO AMOR – Bert Hellinger
PARA QUE O AMOR DÊ CERTO – Bert Hellinger
RELIGIÃO, PSICOLOGIA E ACONSELHAMENTO ESPIRITUAL – Bert Hellinger
SIMETRIA OCULTA DO AMOR (A) – Bert Hellinger
CONSTELAÇÕES ORGANIZACIONAIS – Klaus Grochowiak e Joachim Castella
A Paz Começa na Alma – Bert Hellinger
A Fonte não Precisa Perguntar pelo Caminho – Bert Hellinger
Amor a Segunda Vista – Bert Hellinger
Liberados Somos Concluídos – Bert Hellinger
O Essencial é Simples – Bert Hellinger
Ordens da Ajuda – Bert Hellinger
Pensamentos a Caminho – Bert Hellinger
Um Lugar para os Excluídos – Bert Hellinger
Quando Fecho os Olhos Vejo Você – Ursula Franke
CONSTELAÇÕES FAMILIARES – Bert Hellinger
DESATANDO OS LAÇOS DO DESTINO – Bert Hellinger
NO CENTRO SENTIMOS LEVEZA – Bert Hellinger
ORDENS DO AMOR – Bert Hellinger
PARA QUE O AMOR DÊ CERTO – Bert Hellinger
RELIGIÃO, PSICOLOGIA E ACONSELHAMENTO ESPIRITUAL – Bert Hellinger
SIMETRIA OCULTA DO AMOR (A) – Bert Hellinger
CONSTELAÇÕES ORGANIZACIONAIS – Klaus Grochowiak e Joachim Castella